Exportação de soja enfrenta queda de 13% em maio/24

Pine Agronegócios
O mês de maio marcou uma queda na exportação de soja do Brasil. 

Nesse período, o país embarcou mais de 13,45 milhões de toneladas da commodity, número este que representa uma redução de 13,7% em comparação com o mesmo período do ano anterior (2023). 


Acompanhando esta diminuição no volume de exportações, houve também uma
queda significativa de 17,6% no preço da soja. Para entender melhor essa movimentação, confira os principais fatores destas oscilações.


Fatores influentes na queda da exportação de soja

Este declínio nos preços e no volume de exportação de soja pode ser atribuído a vários fatores, com destaque para a dinâmica do mercado internacional de soja. 


Um dos elementos mais impactantes tem sido a retomada da Argentina como um player significativo na
exportação do complexo de soja, que inclui farelo e óleo de soja. Desde fevereiro de 2024, a Argentina tem oferecido farelo de soja a preços competitivos, muito inferiores aos do Brasil, afetando diretamente os preços brasileiros. 


Quando o preço do produto final diminui, inevitavelmente, o preço da matéria-prima — neste caso, a soja — também é impactado.


O farelo de soja como alternativa

Além disso, a escassez global de trigo tem desempenhado um papel crucial nesta equação. O trigo, frequentemente usado na fabricação de ração, enfrenta uma demanda crescente que não está sendo completamente atendida devido a sua escassez no mercado. 


Como alternativa, o farelo de soja, que é rico em proteínas, tem sido usado como substituto. Este aumento na demanda pelo farelo de soja poderia, em circunstâncias normais, impulsionar os preços. 


No entanto, a competição aumentada com a Argentina, que oferece o farelo a preços menores, tem pressionado para baixo tanto os preços quanto as quantidades exportadas de soja brasileira.


Mas o que aconteceu com o trigo?

No cenário geopolítico atual, a Rússia se destaca como o maior exportador de trigo do mundo. Este título é reforçado pela anexação de áreas agrícolas significativas, como a Crimeia em 2014, e outras regiões da Ucrânia desde o início do conflito em 2022. 


Apesar de a Rússia não ser o maior produtor de trigo — posição ocupada pela China —, o impacto do conflito e eventos climáticos adversos, como geadas frequentes na região, têm contribuído para uma considerável instabilidade no abastecimento global de trigo.


Esta instabilidade tem reflexos diretos nas cotações da commodity, tornando o mercado de trigo volátil e imprevisível. Como consequência, a demanda por alternativas, como o farelo de soja, que possui alto teor proteico e serve como substituto na fabricação de ração, tem aumentado significativamente. 


Isso justifica o crescente interesse e a busca por farelo de soja como uma solução viável para atender às necessidades de ração animal frente à escassez e à flutuação de preços do trigo no mercado global.



Conclusão

A combinação desses fatores tem levado a uma pressão contínua sobre os preços e os volumes de exportação da soja brasileira. 


Este cenário destaca a interconexão e a sensibilidade do mercado agrícola global, onde variáveis econômicas e políticas de diferentes países podem ter grandes repercussões em nações produtoras como o Brasil. 


Enquanto o país busca maneiras de se adaptar a estas mudanças, os produtores e exportadores – além de investidores – devem permanecer vigilantes e proativos para navegar neste ambiente de mercado cada vez mais complexo e competitivo.


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